Em discurso no Congresso dos EUA, Netanyahu tenta reforçar o apoio do país a Israel no contexto da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Protestos pró-Palestina e pró-Israel eclodiram em frente ao Capitólio ao longo desta quarta-feira (24). Netanyahu discursa no Congresso americano
Drew Angerer/AFP
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursa no Congresso dos EUA nesta quarta-feira (24). O discurso acontece em um momento de pressão por conta da guerra na Faixa de Gaza e protestos à frente do Capitólio eclodiram ao longo do dia.
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Com o discurso, Netanyahu tenta reforçar o apoio dos EUA a Israel no contexto da guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Os israelenses também têm tensões com outros grupos ligados ao Irã, como o Hezbollah e os Houthis. O premiê foi ovacionado pelos políticos americanos algumas vezes.
Netanyahu pregou união entre os EUA e Israel diante dos conflitos no Oriente Médio. “Vim aqui para assegurar uma coisa a vocês: nós vamos vencer”, disse Netanyahu. Os EUA são os maiores aliados do Estado de Israel.
“Não é um enfrentamento entre civilizações, é um enfrentamento entre a barbárie e a civilização, aqueles que glorificam a morte e aqueles que santificam a vida. Para a civilização triunfar, os EUA e Israel têm que permanecer juntos”, afirmou o premiê.
Netanyahu relembrou o atentado de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram israel e mataram mais de 1.200 pessoas, e disse que os membros do grupo terrorista não têm humanidade, que “levaram 250 israelenses, vivos e mortos, às profundezas de Gaza”. A guerra na Faixa de Gaza que se seguiu após o ataque dura mais de nove meses.
“Não vou descansar enquanto todos eles estiverem em casa. Todos eles”, disse Netanyahu sobre os reféns ainda sob poder do Hamas em Gaza. Ele acrescentou que as Forças de Defesa Israel (FDI) estão atuando para os resgatar.
Netanyahu também agradeceu o presidente dos EUA, Joe Biden, pelo apoio a Israel ao longo dos anos de seus mandatos como presidente e vice-presidente e mais recentemente no contexto da guerra e nas negociações pelo cessar-fogo com troca de reféns.
O premiê israelense estava usando um broche amarelo durante o discurso. O símbolo é popular na cultura norte-americana e tem um sentido de aguardar o retorno de um ente querido para casa
Benjamin Netanyahu com o presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson
REUTERS/Kevin Mohatt
O premiê israelense enfrenta resistência de alguns grupos de americanos. Sua fala ao Congresso é marcada por protestos no entorno do Capitólio e dentro dos gabinetes dos congressistas.
Netanyahu criticou os manifestantes pró-Palestina, dizendo que eles são pró-Hamas e que preferem defender assassinos e estupradores. Nesse momento, o premiê foi homofóbico ao citar placas de “gays por Gaza” e dizendo que equivaleriam a placas escrito “frango para o KFC”.
Ao mesmo tempo em que Netanyahu busca apoio para sua incursão militar em Gaza, democratas boicotaram o evento em protesto contra a crise humanitária vivida pelos palestinos. Em abril e maio, manifestantes pró-Palestina realizaram protestos em universidades do país inteiro.
Dentro do Capitólio, também há resistência: mais de 30 democratas da Câmara dos Deputados e do Senado planejam não comparecer ao discurso de Netanyahu, segundo a rede americana “NBC News”.
De acordo com o “New York Times”, cerca de 100 estagiários de deputados e senadores do Partido Democrata faltaram ao expediente alegando estarem doentes nesta quarta. Em nota, os funcionários, estagiários, pediram a seus chefes para boicotarem o discurso do premiê.
Antes da fala no Congresso, Netanyahu foi recebido por Mike Johnson, presidente da Câmara dos Deputados, Chuck Schumer, líder democrata no Senado, o deputado Hakeem Jeffries, e o senador Mitch McConnell.
A visita do dirigente israelense a Washington ocorre em um momento de agitação política nos Estados Unidos, com a tentativa de assassinato de Donald Trump, a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca e a entrada de Kamala Harris na disputa, candidata democrata quase certa às eleições de novembro contra o magnata republicano.
“Vou dizer aos meus amigos de ambos os lados que, independentemente do próximo presidente eleito pelo povo americano, Israel continua sendo o aliado forte e indispensável dos Estados Unidos no Oriente Médio”, disse Netanyahu antes de iniciar a viagem.
Enquanto está nos EUA, Netanyahu vai se encontrar na quinta-feira (25) com o presidente Joe Biden e com Kamala Harris, a vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca. O premiê também vai se encontrar com o candidato republicano Donald Trump na sexta (26).
Protestos
Manifestantes pró-palestinos levam fantoche de Bejamin Netanyahu coberto de sangue e com chifres às ruas de Washington
Nathan Howard/Reuters
“Nós pedimos os nossos representantes a responder à vontade coletiva do povo americano e rejeitar qualquer sombra de endosso às ações de Netanyahu”, diz o manifesto dos funcionários.
A ausência mais notória é da vice-presidente Kamala Harris — nos EUA, o vice também desempenha o papel de presidente do Senado. O senador democrata Bernie Sanders também não compareceu.
Já os republicanos demonstram apoio ao premiê israelense, mas o senador J.D. Vance, candidato republicano a vice-presidente, não está na capital americana. Ele afirma que está em agenda de campanha.
Fora da sede do Congresso, milhares de manifestantes organizam um protesto contra a morte de mais de 39 mil palestinos devido à ação militar de Israel em Gaza. Alguns grupos também criticam Netanyahu pela falha de seu governo em trazer de volta os israelenses sequestrados pelo Hamas nos ataques terroristas de 7 de outubro, que deixaram cerca de 1.200 mortos.
Na quinta-feira, Netanyahu deve se encontrar com Biden e Kamala Harris, e, na sexta-feira, ele deve ir a Mar-a-Lago para um encontro com Donald Trump.
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