Escolha do colchão “ideal” leva em conta diversos fatores. Entenda também como modelos silenciosos melhoram a experiência íntima. O colchão dos atletas da Olimpíada de Paris 2024 é feito de ar e plástico e fica sob uma cama de papelão.
Airweave
Ter uma boa noite de sono é essencial para a nossa saúde. Afinal de contas, dormir bem impacta no bem-estar do nosso corpo e da mente. E não é difícil imaginar que o desafio de garantir um sono restaurador fica ainda mais complicado especialmente para quem não conta com a comodidade de um bom colchão.
Essa é justamente a reclamação de alguns atletas que estão competindo nas Olimpíadas de Paris 2024. Do nosso canoísta Isaquias Queiroz à ginasta Simone Biles, muitos competidores levantaram dúvidas sobre a qualidade do modelo feito de ar e plástico.
“As camas não são boas… MAS estamos recebendo colchonetes, então elas devem ficar melhor”, comentou Biles em um post na rede social TikTok na última semana.
Fabricado pela empresa japonesa Airweave, o colchão olímpico também fica sob uma plataforma completamente feita de papelão, uma pegada sustentável que ficou como legado de Tóquio 2020 e torna a cama bem resistente – diferentemente do rumor já desbancado de que essa é uma estratégia “antissexo”.
“Dormir naquela cama da Vila Olímpica é doído demais. Acho que foi por isso que eu tive dor de cabeça”, acrescentou Isaquias num vídeo postado em seu perfil do Instagram.
Mas será que dá para falar que existe um tipo de colchão mais recomendado para melhorar a qualidade do sono? Um colchão firme ou macio é melhor para reduzir dores nas costas? E no sexo, existe um colchão ideal?Veja abaixo.
Colchão ideal?
Mariana Escaleira Fernandes, fisioterapeuta especialista em Fisioterapia do Sono e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS), afirma que NÃO há um único colchão ideal para todos. Essa é uma escolha que deve ser personalizada, levando em conta o biotipo, peso, altura e preferências de cada pessoa.
📏 Para cada tipo de corpo, há recomendações específicas:
Ectomorfos (pessoas magras): nesse caso, colchões de firmeza média a média-suave são indicados para equilibrar, dar suporte e conforto, distribuindo o peso de forma uniforme e acolhendo áreas como quadris e ombros.
Mesomorfos (pessoas musculosas e atléticas): colchões de firmeza média geralmente são mais adequados, pois oferecem bom suporte para a coluna e alívio de pressão em áreas sensíveis.
Endomorfos (pessoas com mais gordura corporal): já aqui, colchões de firmeza média a firme são mais recomendados para manter a coluna alinhada e evitar o afundamento excessivo. A capacidade de regulação de temperatura também é importante para evitar o calor durante o sono.
Além disso, o tipo de material do colchão (espuma, látex, molas) e a firmeza devem ser considerados e testados antes da compra para garantir o ajuste ao seu corpo e preferências.
“Sempre que possível, é recomendável testar o colchão antes de comprá-lo para garantir que ele se ajusta bem ao seu tipo de corpo e preferências de conforto”, diz Fernandes.
Colchões são adaptados aos diferentes tipos de corpos dos atletas
Divulgação
À agência Reuters, o comitê organizador das Olimpíadas disse que a qualidade das camas foi rigorosamente testada para garantir que elas sejam robustas, confortáveis e adequadas para todos os atletas, que possuem uma ampla variedade de tipos corporais.
Como cada colchão é composto por três blocos separados que têm diferentes graus de firmeza – firme, moderado e macio – eles também podem ser personalizados para diferentes tipos de corpos.
Posição do corpo também influencia
Desde o dia 18 de julho, a Airweave também disponibilizou para os atletas em Paris um “Centro de Adapatação de Colchões”, onde são realizadas consultas com especialistas em sono para auxiliar os esportistas a personalizar os colchões.
Isso é importante porque, como explica Fernandes, em geral, colchões vencidos ou inadequados podem causar dores e posturas erradas, prejudicando o sono e criando um ciclo de desconforto.
Colchões que não oferecem suporte adequado podem dificultar a adoção até mesmo de boas posições (como dormir de lado para reduzir o ronco), e levar a movimentos frequentes e posturas incorretas.
O ajuste do colchão deve ser personalizado e prescrito por um profissional qualificado, essa pode ser uma ferramenta importante para melhor assertividade no tratamento dos distúrbios relacionados ao sono.
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É bom lembrar que a polissonografia, também chamada de “exame do sono”, é o procedimento mais popular para diagnosticar distúrbios que acontecem enquanto dormimos (como o ronco e apneia do sono). O exame também avalia a qualidade do sono do paciente já que registra diversas alterações que ocorrem no nosso corpo durante o sono.
O método considerado “padrão-ouro” é feito em laboratórios especializados e hospitais, embora algumas técnicas mais modernas e realizadas em casa também ajudem.
“Um colchão inadequado pode comprometer a qualidade do sono, fazendo com que o atleta não passe pelas fases profundas do sono e fique apenas em estágios superficiais 1 e 2. Isso impede uma recuperação eficiente e, consequentemente, afeta o desempenho”, alerta o educador físico Marco Tulio de Mello, professor titular da UFMG e membro da Associação Brasileira do Sono (ABS).
Dor nas costas: colchão firme ou macio?
Dito tudo isto, fica claro que ajustar o colchão para as nossas necessidades é crucial para facilitar o sono. Mas e como diminuir as dores?
Dalva Poyares, médica neurologista, especialista em medicina do sono e professora da Unifesp, diz que dores nas costas estão ligadas à má qualidade do sono e afetam a qualidade de vida.
Isso acontece porque a dor piora o sono, e o sono ruim aumenta a dor. Assim, um colchão adequado pode ajudar a evitar esse problema.
Poyares lembra que um estudo de 2021 do “Journal of Orthopedics Peristraumatology” mostrou que colchões de firmeza média são mais confortáveis e melhoram o sono, embora a firmeza ideal varie, claro, conforme o peso da pessoa.
O sono para um atleta é muito importante, porque são pessoas que estão expostas a um nível de atividade muito intenso. Durante o sono é importante para você se recuperar e recuperar toda essa energia que foi gasta e perdida nessas atividades diurnas.
Ela também destaca que o ambiente de descanso influencia o sono. Sinais de problemas incluem acordar várias vezes à noite ou sentir-se cansado ao acordar.
Agora se o sono melhora ao mudar de ambiente, isso sugere que o ambiente anterior não era adequado. Dormir em um lugar diferente pode tanto melhorar quanto piorar o sono, dependendo da pessoa.
“O uso de um colchão muito firme pode agredir a articulação do ombro e do quadril levando a posturas viciosas o que pode provocar mais dores”, acrescenta Fernandes.
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E no sexo?
O conforto é essencial durante o sexo.
Deixando para lá a polêmica dos colchões “antissexo”, Carolina Ambrogini, ginecologista e sexóloga da Unifesp, explica que a falta de privacidade e um ambiente inadequado podem distrair e prejudicar a intimidade do casal.
“Um colchão muito fino pode causar desconforto, dores nas costas e até acidentes”, diz.
Além disso, um colchão barulhento, como os antigos de molas, pode gerar bastante constrangimento e desconforto.
Por isso, na hora do prazer, ela diz que é importante ter um colchão moderno e silencioso, que ofereça conforto e privacidade. Isso melhora a experiência íntima do casal.
No vídeo abaixo, o g1 explica os prejuízos da privação de sono.
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Outras dicas para melhorar sua noite de sono de forma geral
Segundo especialistas, o nosso corpo é como uma máquina e o sono é o principal promotor do equilíbrio interno do organismo. Tudo precisa funcionar de forma excelente e quem dá equilíbrio nos processos fisiológicos é ele. Se ele está ruim, o corpo vai falhar.
Então, preste atenção nessas outras dicas de especialistas:
Tenha regularidade: vá dormir e acorde no mesmo horário todos os dias, incluindo fins de semana. É importante que o seu corpo tenha um horário regular de sono.
Relaxe antes de dormir: ouça uma música, leia um livro, tome um banho morno, medite.
Durma pelo menos sete horas se você for adulto: o National Sleep Foundation recomenda que adultos entre 18 e 65 anos durmam entre sete e nove horas por noite.
Mantenha o quarto silencioso: o ideal é evitar distrações barulhentas.
Bloqueie a luz: sabemos que a exposição excessiva à luz pode prejudicar o sono. Evitar luz forte ajuda na produção da melatonina, o hormônio da escuridão que prepara o nosso corpo para dormir.
Evite comidas pesadas e gordurosas antes de dormir: o ideal é se alimentar algumas horas antes de ir para a cama. Caso precise de um lanchinho, opte por algo leve.
Nada de cigarro ou álcool: eles podem atrapalhar o sono e podem causar despertares noturnos.
Faça exercícios: tente manter uma rotina de exercícios – 40 minutos de treino aeróbico ou de resistência quatro vezes por semana ajudam no sono.
Deixe o celular para lá: o ideal é tentar desconectar por uma hora ou mais antes de ir para a cama. A luz dos dispositivos eletrônicos pode suprimir a produção natural de melatonina.
Vá para cama com sono: se não conseguir dormir após 30 minutos, levante-se. Especialista dizem que a cama é apenas para dormir e fazer sexo.
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