Economista estava internado em SP desde a última segunda-feira (5) no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações no seu quadro de saúde. Delfim Netto morre aos 96 anos em São Paulo
O economista Antônio Delfim Netto – ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal – morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos.
Ele estava internado desde a última segunda-feira (5) no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações no seu quadro de saúde.
O ex-ministro deixa uma filha e um neto. Segundo a assessoria do ex-ministro, não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos familiares.
Em nota (íntegra abaixo), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pediu desculpas públicas a Delfim Netto em 2006 por críticas anteriores.
Lula classifica Delfim como “adversário político inteligente” e o coloca ao lado de Maria da Conceição Tavares, economista que morreu em junho, como “referências do debate econômico”.
“Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, diz trecho da nota de Lula.
Professor universitário, ministro do ‘milagre econômico’ e conselheiro de presidentes: os feitos
Economistas prestam homenagens
VALDO CRUZ: ‘Você já leu o Delfim hoje?’
Delfim Netto em foto de 2015
WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Políticos e autoridades dos Três Poderes lamentaram a morte do economista. Leia as mensagens abaixo:
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
“Delfim Netto foi economista, professor, ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura. Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes.”
“Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos.”
“Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto.”
Ministério da Fazenda
“O Ministério da Fazenda manifesta pesar diante do falecimento de Antônio Delfim Netto. Professor, economista, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e diplomata, Delfim Netto foi um referencial em diferentes fases da história do país. Por décadas, fomentou debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira. Neste momento de luto, os servidores do ministério da Fazenda manifestam respeito e solidariedade aos familiares e amigos de Delfim Netto.”
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado
“Presto minhas condolências aos familiares e amigos do ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto, que morreu na madrugada desta segunda-feira (12), em São Paulo, aos 96 anos. Profundo conhecedor das ciências econômicas, ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do país.”
Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal
“O ministro Delfim Netto foi uma personalidade muito importante na história brasileira dos últimos 60 anos. De origem humilde, chegou muito cedo à Cátedra na Universidade de São Paulo e seu brilhantismo intelectual levou-o a elevados postos na República. Sua tese de livre-docência foi sobre a economia do café e, até por consequência disso, foi um dos mentores da Embrapa, instituição com papel inegável na revolução agrícola brasileira. Ele foi, portanto, visionário na revalorização de um dos pilares da economia nacional no século XXI. Sua biblioteca pessoal representa sua paixão pelo conhecimento nas mais diversas áreas. Conselheiro de vários presidentes da República após a redemocratização, soube valorizar as políticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no período mais duro do regime militar deverá ser lembrada, mas é inegável que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira.”
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal
“Recebo com pesar a notícia do falecimento de Delfim Netto. De ministro do governo militar a deputado constituinte,com seguidos mandatos até 2007, Delfim soube acompanhar nossa evolução política, deixando sua marca no pensamento econômico nacional. Meus sentimentos aos familiares.”
Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União
“É com profunda tristeza que o Tribunal de Contas da União (TCU) se despede de Antônio Delfim Netto, figura superlativa da política e economia brasileira.”
“Além de sua destacada atuação política, Delfim Netto também deixou inestimável legado intelectual. Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), compartilhou seu vasto conhecimento e publicou diversos livros e artigos sobre a economia brasileira, muitos dos quais inspiraram o desenvolvimento institucional do TCU.”
“Em 2011, o Tribunal de Contas da União reconheceu sua dedicação à transparência e à eficiência na administração pública ao agraciá-lo com o Grande Colar do Mérito. Sua sólida ligação com nossa Corte é lembrada com respeito e gratidão.”
“Aos familiares e amigos, expressamos nossas condolências. Que sua memória inspire gerações futuras a continuarem trabalhando pelo bem do Brasil.”
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES
“Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional.”
“Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar – liderou o chamado “milagre brasileiro” -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores.”
“Como professor de economia, Delfim sempre teve profundo compromisso com a FEA – USP, onde fiz minha graduação. Neste momento de tristeza, manifesto meus sentimentos de pesar para todos amigos e familiares de Delfim, especialmente filha e neto.”
Confederação Nacional da Indústria
“A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamenta o falecimento do economista e ex-ministro Delfim Netto, ocorrido nesta segunda-feira (12), em São Paulo (SP).”
“Um dos mais influentes e ativos participantes da vida política e econômica do país, Delfim Netto atuou como deputado federal e ministro em governos nas décadas de 1960 a 1980, além de desempenhar importante papel como conselheiro de presidentes e empresários.”
“Ao longo de sua longa trajetória como político e estudioso, dedicou-se e contribuiu para o entendimento das questões do país.”
“A CNI presta condolências à família e amigos.”
Diretório Nacional do PSDB
“O PSDB lamenta a morte do ex-ministro e ex-deputado Delfim Netto, aos 96 anos, em São Paulo. Teve longa e profícua carreira acadêmica como economista e professor e serviu ao povo de SP por 20 anos como deputado e ao Brasil como ministro. Nossos sentimentos a familiares e amigos.”
Tarcisio de Freitas, governador de São Paulo
“O Governo do Estado de São Paulo presta homenagens a Antonio Delfim Netto, que faleceu aos 96 anos de idade nesta segunda-feira (12). Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), o economista foi um grande servidor público, como ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura em diversas gestões. Em São Paulo, atuou como secretário da Fazenda na década de 60.”
“Também foi diplomata, deputado federal por 20 anos por São Paulo e escritor. Tem mais de dez livros publicados, além de artigos acadêmicos e pesquisas científicas. Nossos mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos e agradecimento a toda a sua contribuição para a vida dos brasileiros.”
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo
“Hoje nos despedimos do ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, uma das figuras mais importantes da história do Brasil. Suas formulações econômicas foram sempre muito relevantes e consideradas. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos.”
Baleia Rossi (MDB-SP), deputado federal e presidente nacional do MDB
“Meus sentimentos aos familiares e amigos do ex-ministro Delfim Netto, com que tive a oportunidade de me encontrar no início da discussão sobre a PEC45 da Reforma Tributária em 2019.”
Tereza Cristina (PP-MS), senadora e ex-ministra da Agricultura
“Nossas condolências aos amigos e familiares do ex-ministro, ex-deputado e professor Delfim Netto. Sua trajetória se confunde com a história do Brasil, tendo sido protagonista e testemunha de fatos fundamentais para o desenvolvimento do nosso país. Ele foi também ministro da Agricultura e contribuiu, com seu brilhantismo, para o crescimento do setor.”
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara
O Brasil se despede hoje de Delfim Neto, aos 96 anos. Um grande economista, pensador do nosso tempo, conselheiro e político. Ao longo das décadas continua influenciando o modo de pensar economia e a sociedade no nosso país. Meus sentimentos aos amigos e familiares.
Mauricio Neves (PP-SP), deputado federal e presidente estadual do partido
“Meus sentimentos aos familiares do ex-deputado federal, ministro da fazenda, agricultura e do planejamento, Antônio Delfim Neto. Ele foi filiado ao Progressistas e deixou um grande legado ao Brasil.”
Chico Alencar (PSOL-RJ), deputado federal
“Delfim Netto se foi, aos 96. Eu o conheci na Constituinte, qdo fui defender teses de moradia popular, a convite de Vladimir Palmeira. Como tb dep., vi um homem inteligente, educado e sarcástico. Indagado sobre a ditadura, a quem tanto serviu, não se alongava: ‘foram as circunstâncias…’. Na democracia, sucessivamente eleito, mostrou-se uma direita com ideias, de diálogo. Diferente da que predomina hoje.”
“As análises e tiradas inteligentes e irônicas do deputado Delfim contrastavam com sua defesa da ditadura (e, por consequência, da tortura e do arbítrio), a quem serviu como ministro… Era um homem de ideias, mas fica tb essa marca sinistra.”
Delfim Netto foi figura central na vida política e econômica do Brasil nas últimas décadas
Biografia
Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto foi um dos mais longevos ministros da Fazenda do país, tendo ocupado o cargo entre os anos de 1967 e 1974.
Foi também ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977).
Após a redemocratização, permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político.
Como ministro do Planejamento, na década de 1980, comandou a economia brasileira durante a segunda maior crise financeira mundial do século 20, causada pelo choque dos preços do petróleo e pela elevação dos juros americanos para quase 22% ao ano.
Após o fim do regime militar, Delfim Netto participou das eleições em 1986 como candidato à Câmara dos Deputados.
Ultimas Noticias
- Biden diz que enviará militares e sistema de defesa contra mísseis Thaad para ‘defender Israel’
- Netanyahu pede para que ONU retire forças do sul do Líbano
- Mulher que assassinou pais e conviveu com corpos por quatro anos é condenada à prisão perpétua
- Starship, nave mais poderosa do mundo, pousa no Oceano em retorno à Terra
- SpaceX realiza 2º voo completo da Starship, nave mais poderosa do mundo, neste domingo
- SpaceX tenta novo voo da Starship, nave mais poderosa do mundo; ASSISTA
- Primeira fase do vestibular do ITA é realizada neste domingo (13); prova será aplicada em diversas cidades do país
- Chuveiro e escova de dente hospedam mais de 600 vírus — e isso é uma boa notícia