Em sua capa de setembro, a revista americana chama o presidente de El Salvador de ‘o autoritário mais popular do mundo’. Nayib Bukele, presidente de El Salvador, na capa da Time
Divulgação
Nayib Bukele está na capa da revista americana “Time” de setembro. Em sua primeira entrevista a um repórter estrangeiro em três anos, o presidente de El Salvador é chamado de “o autoritário mais popular do mundo”, mas garante:
“Tudo na vida tem um custo e o custo de ser chamado de autoritário é muito pequeno para me incomodar”.
A entrevista foi revelada pela revista nesta quinta-feira (29) e, em seu perfil na rede social X, Bukele retuitou o post, brincou com o fato de estar na capa da publicação escrevendo uma legenda como se estivesse a mostrando à mãe e falou: “Vestindo um terno escuro para parecer mais ‘autoritário'”.
Nayib Bukele foi reeleito em fevereiro com ampla vantagem sobre seu adversário. A conversa com a “Time” ocorreu em junho e, segundo dados de pesquisa feita pela CID Gallup, atualmente o índice de aprovação dele ultrapassa 90%.
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Chamado de “indiscutivelmente o chefe de estado mais popular do mundo” na reportagem, Bukele se autodenominou como “o ditador mais legal do mundo” e “rei filósofo” à repórter Vera Bergengruen, que falou sobre as mudanças vividas em El Salvador depois que o ex-publicitário de 43 anos assumiu a presidência.
O país, que já foi considerado um dos mais violentos do mundo e vivia sob o controle de gigantescas facções criminosas, hoje tem 81 mil presos e teve uma queda vertiginosa no número de homicídios, graças a uma série de medidas extremas adotadas por Bukele e sua política de “punho de ferro”, como diz a revista.
Entre vários dados, a “Time” destaca que, “desde 2022, ele governa sob poderes de emergência que suspendem liberdades civis importantes, incluindo o devido processo legal”, que “seu regime de segurança pode fazer prisões sem mandados, incluindo menores de 12 anos, e leva centenas de suspeitos a julgamentos em massa” e que “um em cada 57 salvadorenhos está agora encarcerado – o triplo da taxa dos EUA e a mais alta do mundo”.
Questionado sobre seus métodos, Bukele se defendeu e, irritado, segundo a repórter, criticou o que chamou de padrões ambíguos de outros países:
“Poucos países podem dizer isso: nunca reprimimos uma manifestação. Nunca usamos uma lata de gás lacrimogêneo ou um cassetete”.
Sobre a adoção do bitcoin como moeda legal no país desde setembro de 2021, o presidente salvadorenho admitiu que não houve a “adoção generalizada que era esperada” por parte da população comum – menos de 12% -, mas disse que a mudança teve o efeito desejado.
“Isso nos deu uma marca, nos trouxe investimentos, nos trouxe turismo”, diz.
Bukele também disse à “Time” que espera suspender o estado de exceção em que vive o país desde março de 2022 e “retornar aos processos constitucionais normais e manter a paz” alcançada.
El Salvador é classificado como uma autocracia eleitoral pelo V-DEM, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Autocracias eleitorais são países nos quais não há liberdade de expressão; eleições existem, embora não sejam livres nem justas. No índice de democracias liberais do V-DEM, El Salvador está em 141º lugar entre 179 países.
Maior presídio do mundo
O governo de El Salvador inaugurou em fevereiro uma prisão com capacidade de 40 mil pessoas —só com esse centro de detenção, o país dobrou o número de vagas para presos. Trata-se do Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), o maior presídio das Américas.
Como comparação, no dia do massacre do Carandiru, 2 de outubro de 1992, o complexo penitenciário de São Paulo era o maior da América Latina, com cerca de 7.500 mil presos.
El Salvador transfere 2 mil presos para maior presídio do continente americano
Em uma megaoperação sem precedentes na história do país, o governo de Nayib Bukele transferiu na madrugada desta quarta-feira (12) 2.000 presidiários de uma vez. Um vídeo divulgado pelo próprio governo salvadorenho com detalhes da operação desta terça mostrou presos trajando apenas calções brancos e com a cabeça raspada são vistos correndo pela nova prisão até às celas. Muitos têm tatuagens com o nome de gangues.
El Salvador é um país de 6,5 milhões de pessoas no qual o número de presos está crescendo rapidamente porque o governo está em uma campanha para reprimir a violência de gangues (leia mais sobre a campanha abaixo).
Cerca de 2% de toda a população de El Salvador está presa. É o país com a maior taxa de encarcerados do mundo.
Presidente de El Salvador visita prisão no país que tem capacidade para 40 mil pessoas
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Sistema sobrecarregado
A nova prisão foi construída para aliviar o sistema prisional, que hoje enfrenta superlotação.
Até a inauguração desse novo presídio, na terça-feira (1º), a maior cadeia do país era a de La Esperanza, que abriga 33 mil pessoas (apesar da capacidade ser de 10 mil).
Até 2021, havia 20 centros de detenção no país com capacidade para 30 mil pessoas —no entanto, naquele ano havia quase 36 mil presos.
O diretor do sistema de prisões de El Salvador, Osiris Luna, disse que a nova prisão foi construída em uma área de 166 hectares, e que será patrulhada por 250 policiais.
Imagem de divulgação do novo centro de detenção de El Salvador
Governo de El Salvador/ Via Reuters
Imagem divulgada em 2020 pelo governo de El Salvador mostra presos em fileiras
Reprodução/Twitter/PresidenciaSV
Estado de exceção
Em março de 2022, o presidente do país, Nayib Bukele, conseguiu no Congresso a aprovação de um estado de exceção no país. Dessa forma, alguns direitos constitucionais foram suspensos —a polícia passou a fazer prisões sem mandados, e o governo passou a poder acessar a comunicação das pessoas sem autorização da Justiça.
Depois disso, o número de presos explodiu: mais de 62 mil pessoas foram presas, a maioria delas é suspeita de pertencer a gangues.
O aumento da população carcerária como resultado das medidas anti-gangues, que a grande maioria da população apoia, sobrecarregou ainda mais o sistema prisional do país.
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