O que são walkie-talkies, que explodiram em Beirute e no sul do Líbano

Aparelhos foram criados durante a Segunda Guerra Mundial para uso militar e, por meio de ondas de rádio, enviam e recebem mensagens entre si. Modelos de walkie-talkie
Urban Versis 32/Wikimedia Commons
Um dia após pagers do Hezbollah explodirem no Líbano, foi a vez de walkie-talkies do grupo terrorista explodirem na capital e no sul do país, nesta quarta-feira (18).
No caso dos pagers, a TV libanesa Al Mayadeen disse que explosivos foram implantados nos equipamentos dos membros do Hezbollah através de um chip. Segundo o canal, os explosivos eram indetectáveis e tinham um algoritmo específico para serem ativados.
O que são walkie-talkies
Os walkie-talkies foram aparelhos criados durante a Segunda Guerra Mundial para uso militar e, por meio de ondas de rádio, enviam e recebem mensagens entre si.
Posteriormente, eles acabaram se espalhando como um meio de comunicação na área de segurança pública e outros locais de trabalho, como comércios.
A expressão walkie-talkie vem do inglês: é a junção dos termos “to walk” (andar) e “to talk” (falar).
Os walkie-talkies funcionam em bandas de rádio específicas, como VHF (Very High Frequency) e UHF (Ultra High Frequency), diz Kim Rieffel, vice-presidente de Telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).
Segundo ele, esses dispositivos são bidirecionais, ou seja, conseguem receber e enviar mensagens.
A comunicação dele ocorre por meio da transmissão de ondas sonoras convertidas em sinais de rádio, que depois são decodificados pelo receptor. “Isso significa que duas ou mais pessoas podem conversar instantaneamente, pressionando um botão (geralmente chamado de “push-to-talk”) para falar e liberando o botão para ouvir”, diz.
“A maioria dos walkie-talkies oferece múltiplos canais, permitindo que os usuários mudem para diferentes frequências para evitar interferências e facilitar a comunicação em grupo. O alcance de um walkie-talkie pode variar dependendo do modelo e das condições ambientais, geralmente variando de algumas centenas de metros a vários quilômetros”, acrescenta Rieffel.
Diferença entre walkie-talkie e pager
Assim como os pagers, os walkie talkies se comunicam a partir da transmissão e receptação de ondas de rádio de frequência, diz Rieffel.
“No caso dos walkie talkies, esta comunicação se dá exclusivamente por voz e de forma instantânea, em tempo real. “É um dispositivo comumente utilizado em situações em que a comunicação rápida é necessária, como em eventos, construções ou atividades ao ar livre”, afirma o especialista.
Os pagers, contudo podem possuir funcionalidades de transmissão de mensagens de voz e texto, podendo armazená-las no dispositivo para posterior reprodução. São utilizados principalmente para o envio de alertas ou notificações, sendo comumente utilizados em ambientes médicos, empresariais ou de emergência.
“Em resumo, o walkie-talkie é costumeiramente utilizado para comunicação ao vivo e interativa, enquanto o pager utilizado para o envio passivo de alertas e notificações”, acrescenta o vice-presidente de Telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).
Quem inventou o walkie-talkie
A invenção do equipamento é creditada a Donald Hings, britânico radicado no Canadá. O equipamento foi adotado pelos militares norte-americanos, canadenses e do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.
O aparelho começou a ser usado por diferentes forças dos Aliados e apresentado para o mundo em uma entrevista à imprensa em setembro de 1943, segundo informações da The Canadian Encyclopedia.
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Explosões desta quarta-feira
Nas explosões desta quarta-feira (18), houve mortos e feridos, de acordo com a agência de notícias estatal libanesa.
Além de walkie-talkies, vários sistemas de energia solar de casas em Beirute também explodiram. Os “walkie-talkies” foram detonados em funerais de vítimas do ataque aos pagers na terça-feira.
Houve relatos de dezenas de pequenas explosões pela capital libanesa, e várias imagens feitas pela cidade nesta manhã mostram focos de incêndio (veja abaixo).
Fontes do governo libanês disseram à agência Reuters que os dispositivos atingidos nesta quarta também foram adquiridos há cinco meses, na mesma época em que o grupo comprou os pagers que explodiram na terça, em um ataque coordenado que matou 12 pessoas e feriu quase 3.000.
Os pagers — dispositivos de recebimento de mensagens de texto usados nas décadas de 1980 e 1990, antes de os celulares existirem — eram usados pelo grupo extremista como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.
O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a uma cidade israelense no norte.
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Pagers foram feitos por empresa de fachada na Hungria
Nesta quarta-feira (18), foi descoberto que a empresa responsável pela fabricação dos pagers que explodiram foi a BAC Consulting KFT, uma empresa sediada na Hungria, que tem um licenciamento para usar a marca da taiwanesa Gold Apollo em algumas regiões.
Segundo a agência de notícias Associated Press, no entanto, ela parece ser de fachada. Na sede, em um prédio em um bairro residencial de Budapeste, jornalistas viram o nome dela, entre o de várias outras empresas, apenas afixados em pedaços de papel em uma janela.
Ao procurar a responsável pela empresa – a BAC está registrada em nome de Cristiana Rosaria Bársony-Arcidiacono -, não conseguiu estabelecer uma conexão entre ela ou BAC e os pagers explosivos.
Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução