Israel intensificou os ataques ao Líbano nos últimos dias, com o objetivo de eliminar membros do alto escalão do Hezbollah. Neste domingo, o país também fez ataques ao Iêmen. Imagem dos escombros de um prédio na vila de Ain El Delb, em Sidon, no sul do Líbano, após um ataque aéreo israelense em 29 de setembro de 2024.
AFP
O domingo tem sido marcado por novos bombardeios no Oriente Médio. Israel realizou novos ataques ao Líbano, deixando mais de 50 mortos, além de bombardeios contra os houthis, um grupo rebelde aliado do Hamas no Iêmen.
Os ataques direcionados ao Líbano foram intensificados por Israel nas últimas semanas, com o objetivo de eliminar membros do alto escalão do grupo extremista Hezbollah. No sábado (28), Israel anunciou a morte de Sayyed Hassan Nasrallah, número 1 do Hezbollah, e, neste domingo (29), comunicou a morte de outro líder do grupo extremista, Nabil Kaouk.
De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de 1 mil pessoas foram mortas e 6 mil ficaram feridas ao longo das últimas duas semanas. O órgão não detalhou quantos deles eram civis. O governo afirmou ainda que 1 milhão de pessoas — praticamente um quinto da população do país— deixaram suas casas.
Diante da situação, o Papa Francisco disse nesse domingo que os ataques militares na região vão “além da moralidade”.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também se manifestou. Questionado por um jornalista se uma guerra total deve ser evitada, ele disse: “Deve ser evitada. Realmente deve ser evitada”.
Ataques no Líbano neste domingo
Os bombardeios israelenses neste domingo deixaram mais de 50 mortos.
O Ministério da Saúde do país informou que 32 pessoas morreram e 29 ficaram feridas em ataques perto de Sidon, a principal cidade do sul do Líbano. O ataque atingiu um prédio na vila de Ain El Delb.
Um outro bombardeio aconteceu na cidade de Baalbek-Hermel, no leste do país, deixando 21 mortos e mais 47 feridos, segundo órgão de saúde do país.
Em meio aos contínuos ataques israelenses, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que não deveria ser permitido que Israel atacasse os países do “Eixo de Resistência”, alinhados ao Irã.
Além dos ataques feitos ao Líbano, Israel também bombardeou alvos Houthis no Iêmen, expandindo seu confronto com os aliados do Irã na região, após matar o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah. Os houthis são rebeldes aliados do Hamas.
“Os combatentes libaneses não devem ser deixados sozinhos nesta batalha para que o regime sionista [Israel] não ataque os países do Eixo da Resistência um após o outro”, disse Pezeshkian.
“Não podemos aceitar tais ações e elas não ficarão sem resposta. Uma reação decisiva é necessária”, completou o presidente iraniano.
Mortes de membros do Hezbollah
Com o objetivo de eliminar os membros de alto escalão do grupo extremista Hezbollah, Israel tem intensificado os ataques feitos ao Líbano. Entenda mais abaixo o que é o Hezbollah.
Neste domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram, em nota, que mataram outro líder do Hezbollah, Nabil Kaouk.
No último sábado (28), o país já havia anunciado a morte de Sayyed Hassan Nasrallah, número 1 e principal rosto do Hezbollah, que comandava o grupo extremista libanês desde 1992.
O corpo de Hassan Nasrallah foi recuperado do local do ataque aéreo israelense em Beirute e, segundo informou a agência de notícias Reuters neste domingo, está “intacto”. A causa da morte teria sido um traumatismo contundente, causado pela força da explosão.
Segundo os militares israelenses, as forças aéreas de Israel atingiram uma série de alvos no Líbano neste domingo, “incluindo lançadores que estavam apontados para o território de Israel”, depósitos de armas e uma “infraestrutura adicional” do grupo extremista.
O Hezbollah ainda não comentou sobre Kaouk, mas seus apoiadores têm publicado mensagens de luto por ele desde sábado.
Israel afirma que matou outros 20 chefes do Hezbollah
Críticas do Papa
Em um voo da Bélgica para Roma, neste domingo (29), o Papa Francisco disse que os países não podem “exagerar” no uso de suas forças militares.
Ele respondeu a perguntas de jornalistas, durante uma coletiva de imprensa no avião.
“Mesmo na guerra, há uma moralidade a salvaguardar”, disse o Papa. “A guerra é imoral. Mas as regras da guerra dão a ela alguma moralidade”, completou.
“A defesa deve ser sempre proporcional ao ataque. Quando há algo desproporcional, você vê uma tendência de dominar que vai além da moralidade.”
O que é o Hezbollah?
O Hezbollah é uma organização libanesa com atuação política no país, mas que tem um braço armado e é considerado um grupo terrorista por vários países, como Estados Unidos, Israel, França e Alemanha.
Hezbollah e Israel trocam agressões desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre o grupo terrorista Hamas e os israelenses, em outubro de 2023. Agora, o grupo libanês é o novo alvo de Israel em uma “nova fase da guerra”.
Em uma das agressões recentes entre Israel e Hezbollah, o grupo extremista lançou mais de 300 foguetes e drones contra Israel em agosto. O ataque, considerado de larga escala, fez o país declarar estado de emergência e bombardear alvos no Líbano como resposta.
As tensões entre Israel e o Hezbollah se acirraram após os israelenses terem assassinado Fuad Shukr, considerado o número 2 do grupo, em Beirute no final de julho.
Como o grupo se formou e o que faz?
No começo dos anos 1980, uma parte dos palestinos que combatiam o governo de Israel usavam o território do Líbano como base.
Israel chegou a invadir o país vizinho nessa época.
O grupo Hezbollah surgiu no Líbano para se opor à presença de israelenses no país. Hezbollah significa “Partido de Deus” em árabe. O grupo rapidamente se tornou aliado do maior país xiita da região, o Irã.
Israel só se retirou plenamente do Líbano no ano 2000, mas o Hezbollah permaneceu.
O Hezbollah também é um partido político legítimo –eles participam das eleições parlamentares e têm seus deputados.
Além disso, o Hezbollah também controla algumas partes do território libanês. Grosso modo, considera-se que o Hezbollah é um Estado dentro de Um Estado –eles providenciam serviços sociais, por exemplo.
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