No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,21%, cotada em R$ 6,0558. Já o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira encerrou em alta de 0,72%, aos 126.139 pontos. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar opera com volatilidade nesta quarta-feira (4), oscilando entre altas e baixas, com investidores repercutindo novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado. O país criou 146 mil novas vagas privadas em novembro, contra expectativa de 166 mil e abaixo dos 184 mil empregos gerados em outubro.
No Brasil, o destaque fica com novos números da indústria, que teve queda de 0,2% em outubro, enquanto o mercado ainda repercute o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta terça (3).
Também no cenário interno, uma pesquisa da Quaest com agentes do mercado financeiro mostra que a reprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a 90%.
A avaliação vem uma semana depois do anúncio do pacote de corte de gastos, que prevê uma economia de R$ 70 bilhões até 2026 — mas que foi divulgado junto a uma proposta de isentar pessoas que ganham até R$ 5 mil do pagamento do imposto de renda, o que pode impactar ainda mais as despesas do governo.
Segundo a pesquisa, 58% dos agentes do mercado acham pacote de corte de gastos nada satisfatório e 42%, pouco satisfatório.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Dólar
Às 13h10, o dólar caía 0,31%, cotado a R$ 6,0368. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda caiu 0,21%, cotada a R$ 6,0558.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,92% na semana;
ganho de 0,92% no mês;
alta de 24,80% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,24%, aos 126.437 pontos.
Na véspera, o índice encerrou em alta de 0,72%, aos 126.139 pontos.
Com o resultado, acumulou:
avanço de 0,38% na semana;
alta de 0,38% no mês;
recuo de 6,00% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
A produção industrial brasileira caiu 0,2% em outubro em relação a setembro, interrompendo dois meses consecutivos de alta, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 12 meses, no entanto, a indústria nacional cresceu 3,0%, enquanto no acumulado do ano até aqui, a alta é de 3,4%.
Esses números reforçam a visão de que a economia brasileira segue aquecida, principalmente após a divulgação do PIB do terceiro trimestre nesta terça. O indicador cresceu 0,9% no período em relação aos três meses imediatamente anteriores, segundo dados do IBGE, em linha com o esperado pelo mercado.
Neste 3º trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas importantes e compensaram a queda de 0,9% da Agropecuária.
Pelo lado da demanda, todos os itens cresceram. O Consumo das famílias cresceu 1,5%, e o Consumo do governo subiram 0,8%, enquanto os Investimentos tiveram ganho de 2,1% neste trimestre.
Apesar de representar o 13º resultado positivo seguido do indicador em bases trimestrais, o resultado ainda representa uma desaceleração em relação aos meses de abril a junho deste ano, quando a atividade registrou alta de 1,4%.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os dados “são positivos e indicam revisões para cima nas projeções de crescimento, que ainda não refletiam um avanço de 3% ou mais”.
Esse cenário, no entanto, deve contribuir para uma maior pressão da inflação no país e, consequentemente, juros também em patamares mais restritivos.
“Com a revisão do crescimento do PIB de 2023 de 2,9% para 3,2%, o Brasil demonstra um avanço acima de sua média estrutural, o que pode levar o Banco Central a manter condições monetárias mais restritivas no curto prazo”, afirma Cruz.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, compartilha do mesmo ponto de vista e explica: “embora positivo, para mantermos esse ritmo de crescimento de maneira sustentável é necessário que o país tenha ganhos de produtividade, o que não estamos vendo por ora. Esse cenário leva a um aquecimento da economia para além da sua capacidade (hiato positivo) e torna o controle de preços mais desafiador”.
Além dos dados de atividade, o pacote de corte de gastos anunciado junto à isenção do imposto de renda para pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil mensais segue repercutindo.
A pesquisa Quaest sobre a popularidade do presidente Lula entre o mercado financeiro, realizada com 105 agentes do mercado, mostra uma piora expressiva na avaliação do governo. A reprovação de Lula disparou para 90%, contra 26% registrados no último levantamento, feito em março.
Outros 3% avaliam o governo Lula como positivo (eram 6% em março) e 7%, como regular (eram 30%).
Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, os números representam um forte alta na reprovação do governo Lula e a reação do mercado financeiro ao pacote de corte de gastos apresentado na semana passada (leia mais abaixo).
Entre os entrevistados 86% acreditam que Lula está preocupado com sua popularidade e 29%, com o equilíbrio das contas públicas.
A avaliação do Congresso também piorou, segundo Nunes, e uma possível explicação é que o mercado acredita que a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil deve ser aprovada, mas o aumento da tributação para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, não.