Riad Halak conta que saía da cela apenas duas vezes por dia para ir ao banheiro, em grupos de três prisioneiros, e dormia encostado nas paredes de concreto gelado. Cela da prisão militar Saydnaya, na Síria
AP foto/Hussein Malla
Após o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, ser tirado do poder pelos rebeldes esta semana, muita gente comemorou o fim do regime e relatos de abusos do governo foram revelados. A prisão militar de Saydnaya, em Damasco, por exemplo, foi desativada e prisioneiros foram libertados.
Riad Halak, de 40 anos e pai de três filhos, que ficou um mês preso em outro local, na base militar de Mazzeh, ao sudoeste de Damasco, voltou até lá acompanhado por uma equipe da agência de notícias AFP e recordou as torturas que sofreu na sede do poderoso serviço de inteligência da Força Aérea Síria.
Os rebeldes que agora controlam a base permitiram que ele entrasse em busca de evidências com as quais espera ajudar outras famílias a encontrar seus desaparecidos.
Halak, alfaiate de profissão, foi preso no início da mobilização popular de 2011, que antecedeu a guerra civil no país, enquanto participava do funeral de manifestantes mortos pelas forças de segurança do governo.
Ele conta que o amarraram e espancaram durante um mês e, depois, o transferiram para outro centro onde passou dois meses e 13 dias.
“Se alguém reclamasse, eles diziam que tínhamos direito a um tratamento cinco estrelas e ameaçavam nos transferir”, disse à AFP.
Agora, no local, um retrato de Bashar al-Assad está no chão, ao lado do logotipo dos serviços de inteligência da Força Aérea e de um rolo de arame farpado entre fileiras de mesas danificadas.
Halak conta que saía da cela apenas duas vezes por dia para ir ao banheiro, em grupos de três prisioneiros, e dormia encostado nas paredes de concreto gelado.
Após sua libertação, Halak estabeleceu uma família e teve três filhos. Hoje, o homem de aparência precocemente envelhecida e com uma barba grisalha bem aparada espera desfrutar da liberdade que não existiu durante os 50 anos em que a família Assad governou. Ele diz ter dificuldade de encontrar palavras para expressar o que sente.
“É difícil dizer. Não tenho palavras, não consigo falar”, diz ele com tristeza.
Agora, na base, helicópteros Mi-24 permanecem nos hangares da base e há caças desativados ao longo da pista. Israel atacou a base aérea esta semana, dizendo que queria evitar que armas químicas caíssem nas mãos dos rebeldes.
Mas a evidência mais perigosa foi encontrada por jornalistas da AFP em um edifício perto da pista de aterrissagem: um esconderijo com milhares de comprimidos de ‘captagon’, que foram queimados.
A Síria de Assad era conhecida por produzir anfetaminas de alta qualidade, o que lhe permitiu abastecer o mercado do Oriente Médio e financiar o seu esforço de guerra.
Várias autoridades sírias foram afetadas por sanções dos Estados Unidos pelo seu alegado envolvimento no tráfico de drogas, e milhões de comprimidos foram apreendidos para impedir sua distribuição.
Fáceis de vender no mercado paralelo dos países ricos do Golfo, as drogas alimentaram um comércio lucrativo para a Síria de Assad e para grupos criminosos no Iraque, na Jordânia ou na Turquia.
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