Custo total dos furtos em 2023 foi de R$ 9,9 bilhões, dos quais R$ 6,9 bilhões foram repassados aos consumidores. ‘Gatos’ de energia elétrica prejudicam o fornecimento de energia e colocam em risco a vida da população
Ari Melo
Os consumidores de energia pagaram até 13,4% a mais em suas tarifas por causa dos furtos na rede elétrica — conhecidos como “gatos”. Os dados constam em relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgado na última quinta-feira (18).
Aqueles que mais pagam pelos furtos são os clientes da Amazonas Energia. Segundo a Aneel, 13,4% da conta de luz dos amazonenses são custos com furtos e fraudes na rede elétrica.
Em segundo lugar estão os clientes da Light, no Rio de Janeiro, seguidos pelos consumidores do Amapá, que compram energia da Equatorial. Veja a lista:
Já os consumidores que menos pagam pelos furtos são os clientes das seguintes distribuidoras, com custos abaixo de 1% nas tarifas:
Energisa Tocantins
Neoenergia Elektro
CPFL Santa Cruz
Neoenergia Cosern
Energisa Minas Gerais
Energisa Sul/Sudeste
O custo total dos furtos em 2023 foi de R$ 9,9 bilhões. Desse montante, a Aneel reconheceu o repasse de R$ 6,9 bilhões aos consumidores nos processos tarifários das distribuidoras.
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Por que os consumidores pagam?
A Aneel considera os furtos de energia como “perdas não técnicas”. São perdas evitáveis, que não estão relacionadas ao sistema elétrico, mas sim a furtos, fraudes e problemas de medição na rede da distribuidora local.
O custo dos furtos entra parcialmente na tarifa do consumidor que está regularizado. A Aneel revisa as tarifas das distribuidoras, medindo as perdas técnicas e não técnicas, e repassando os custos na conta de luz de acordo com critérios de eficiência definidos para cada empresa.
🔎Ou seja: o repasse é menor caso a distribuidora não tenha gerido bem o negócio, restando à empresa arcar com a diferença entre o valor reconhecido pela Aneel e o valor real das perdas.
Se agência observar o contrário, que a distribuidora tenha obedecido aos critérios definidos, o repasse será maior para os consumidores. Assim, a distribuidora é recompensada por melhorias e responsabilizada por ineficiência.
Amazonas Energia e Light
As concessões da Amazonas Energia e da Light têm níveis altos de furtos, relacionados à realidade socioeconômica dos estados do Amazonas e Rio de Janeiro.
Segundo os dados da Aneel, as duas distribuidoras responderam por 32,8% do total de furtos e fraudes na medição de energia registrados no Brasil em 2023.
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Considerada uma concessão com desafios econômicos, a Amazonas Energia já teve sua incapacidade financeira de continuar prestando os serviços no estado reconhecida pela Aneel.
A extinção do contrato chegou a ser recomendada em novembro de 2023. Em junho, o governo publicou uma medida provisória que possibilita a troca de controle da Amazonas Energia — hoje do Consórcio Oliveira Energia.
Também beneficiada pela medida, a empresa do grupo J&F, Âmbar Energia, formalizou no último dia 12 sua intenção de comprar a distribuidora.
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