No dia anterior, a moeda norte-americana teve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,8080. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou com um avanço de 0,69%, aos 129.922 pontos.
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O dólar opera em forte alta nesta quarta-feira (27) e bateu os R$ 5,92, após o Ministério da Fazenda informar que o ministro Fernando Haddad fará um comunicado à nação às 20h30, de 7 minutos e 18 segundos.
O tema do discurso não foi detalhado pelo governo. Uma imagem foi divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, no entanto, com o lema: “Brasil Mais Forte. Governo eficiente. País justo.”
A expectativa é que o ministro anuncie o pacote de cortes de gastos das contas públicas do governo federal. No entanto, além disso, Haddad também anunciará a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A notícia foi confirmada pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ainda sem maiores detalhes, segundo apuração do blog do Gerson Camarotti.
O ministro também confirmou que o pacote de gastos não trará mudanças nas regras de seguro-desemprego, mas apresentará alterações nos chamados supersalários de servidores públicos. Ele também confirmou que há medidas na direção de imposto para os “super ricos”. (Veja mais detalhes mais abaixo)
Com o desempenho até aqui, a moeda norte-americana pode fechar o dia no maior valor da história, superando os R$ 5,9007 registrados em 13 de maio de 2020, em meio à pandemia de Covid-19.
A segunda maior cotação da moeda ocorreu recentemente, em 1° de novembro deste ano, quando fechou em R$ 5,8698, com o cenário fiscal já no centro das atenções do mercado interno.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 16h, o dólar subia 1,90%, cotado a R$ 5,9183. Na máxima do dia, bateu os R$ 5,9288. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,04%, cotada a R$ 5,8080.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,10% na semana;
ganho de 0,46% no mês;
alta de 19,69% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,57%, aos 127.882 pontos.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,69%, aos 129.922 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,62% na semana;
avanço de 0,16% no mês;
recuo de 3,18% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
O Ministério da Fazenda anunciou que Haddad se pronunciará nesta noite, em um momento em que todo o mercado aguarda o anúncio do pacote de cortes de gastos.
Segundo apuração da TV Globo, o ministro vai anunciar a isenção, a partir de 2026, de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A medida, uma promessa de campanha de Lula (PT), vai ser anunciada junto com o pacote de corte de gastos, que deve envolver:
A inclusão da política de aumento do salário mínimo nas limitações do arcabouço fiscal; na prática, o mínimo poderá ser reajustado em patamares inferiores aos atuais;
Uma proposta, enviada ao Congresso, para acabar com salários acima do teto constitucional, os chamados supersalários;
Um chamado para que beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), atualizem seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos;
E mudanças nas regras de aposentadorias e pensões dos militares.
A espera pelo anúncio do pacote de corte de gastos já dura quase um mês, já que a expectativa inicial era que o governo divulgasse as medidas logo após o fim do segundo turno das eleições municipais.
Na última sexta-feira (22), o governo já anunciou um bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento deste ano. Com isso, o governo totaliza R$ 19,3 bilhões já bloqueados nos últimos meses para tentar compensar o avanço das despesas obrigatórias, como gastos com a previdência.
Mesmo com a contenção anunciada na sexta, o mercado ainda aguarda o pacote de corte de gastos para entender como o governo pretende lidar com as contas públicas nos próximos anos para cumprir o arcabouço fiscal — as regras que determinam quanto o país pode gastar para manter sua saúde financeira.
A ideia é que, com os cortes de gastos, o governo consiga equilibrar a situação das contas públicas e honrar o arcabouço fiscal. Contas mais controladas são bem vistas por investidores porque aumentam a confiança de que o país será capaz de arcar com suas dívidas.
A decisão de atrelar o anúncio ao pacote de cortes tem como objetivo passar a mensagem de que o governo Lula não está fazendo o ajuste fiscal apenas em cima dos mais pobres.
O custo estimado para a isenção é de R$ 50 bilhões por ano, que supera a economia prevista com as medidas de contenção de gastos, entre R$ 30 bilhões e R$ 40 milhões.
Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, o mercado recebe negativamente a notícia da isenção porque “não tem como pensar em um cenário em que essa isenção vá beneficiar o consumo das famílias em um nível suficiente para compensar o que seria ganho através da cobrança do imposto de renda para essa população”.
Assim, os investidores esperam maior previsibilidade e clareza sobre como o governo pretende fazer essa compensação de gastos e receitas, para avaliar se a medida será sustentável.