No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,59%, cotada a R$ 5,4432. Já o principal índice de ações da bolsa encerrou em alta de 1,08%, aos 133.010 pontos. Cédulas de dólar
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O dólar opera com volatilidade nesta sexta-feira (27), conforme caminha para encerrar uma semana marcada pela divulgação de dados econômicos importantes e com a discussão sobre o futuro das taxas de juros ainda no radar.
Nesta sexta-feira, investidores repercutem a divulgação de novos dados do mercado de trabalho brasileiro e de uma série de indicadores norte-americanos, com destaque para o PCE, indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para tomar as decisões de juros no país.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também oscila.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
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Dólar
Às 15h25, o dólar caía 0,19%, cotado a R$ 5,4330. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda caiu 0,59%, cotada a R$ 5,4432.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,41% na semana;
perda de 3,36% no mês;
avanço de 12,17% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,04%, aos 132.953 pontos.
Na véspera, o índice subiu 1,08%, aos 133.010 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,48% na semana;
recuo de 2,20% no mês; e
queda de 0,88% no ano.
O que está mexendo com os mercados
Para completar a agenda desta semana, marca pela divulgação de novos indicadores econômicos que podem influenciar na tomada de decisão tanto por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) como pelo Fed, investidores começam a sexta-feira já repercutindo dados de emprego e inflação.
Por aqui, as atenções ficaram voltadas para as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nesta manhã.
Do lado do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua mostrou uma taxa de desemprego de 6,6% no trimestre encerrado em agosto. Essa foi a menor taxa para o mês em toda a série histórica da PNAD, iniciada em 2012. O resultado também ficou abaixo do projetado pelo mercado (6,7%).
Além disso, também houve alta de 1,2% na população ocupada, estimada em 102,5 milhões de pessoas — novo recorde da série histórica iniciada em 2012. No ano, o aumento foi de 2,9%, com mais 2,9 milhões de pessoas ocupadas.
Já segundo as informações do MTE, a economia brasileira gerou 232,5 mil empregos formais em agosto deste ano. Ao todo, foram registradas:
2,231 milhões de contratações;
1,998 milhão de demissões.
O resultado representa crescimento de 5,8% em relação a agosto do ano passado, quando foram criados cerca de 219,7 mil empregos com carteira assinada.
Apesar dos bons números de emprego, o resultado preocupa o mercado por conta do controle da inflação.
“Se por um lado o mercado de trabalho aquecido aumenta o número de pessoas ocupadas e puxa para cima a massa salarial, por outro, acaba pressionando os preços de serviços, tornando mais desafiador o controle da inflação”, diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Nesse cenário, ainda fica no radar o relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado pelo Banco Central (BC) na última quinta-feira (26). Para este ano, o documento revelou um aumento na projeção para a inflação, que passou de 4,0% para 4,3%. A instituição também aumentou a probabilidade de os preços ultrapassarem o teto da meta, de 28% para 36%.
A meta inflacionária para este ano é de 3%, podendo oscilar entre 1,50% e 4,50%. Segundo a instituição, “o aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado”.
O relatório apontou que o principal impacto para a inflação deve vir da alta nos preços de alimentação no domicílio. Também, dólar elevados, passagens aéreas e as bandeiras tarifárias mais restritivas por conta da seca devem afetar os preços. Por outro lado, a gasolina deve ser um fator de queda.
A autarquia ainda elevou suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), de 2,3% para 3,2% e disse que “o ritmo de crescimento da atividade econômica tem sido forte e superado as expectativas”. Além disso, afirmou que os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul (RS) se mostraram “menores do que os esperados anteriormente, contribuindo para parte da surpresa”.
A agenda desta semana ainda contou com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), que registrou uma alta de 0,13% em setembro, abaixo das expectativas do mercado.
Já na terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião. O documento trouxe um tom mais duro do comitê, que reforçou o “firme compromisso” com a conversão da inflação à meta da instituição, sinalizando que novas altas devem acontecer nos próximos meses.
Juros maiores elevam o custo do crédito para pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo e os investimentos empresariais. O efeito desejado com isso é a redução da inflação.
Cenário externo
Já no exterior, as atenções ficam voltadas para os novos dados do PCE, indicador de inflação preferido do Fed em suas decisões de política monetária.
Segundo o Departamento do Comércio norte-americano, o índice de preços subiu 0,1% em agosto, após alta de 0,2% em julho. O resultado veio em linha com as estimativas do mercado.
Já os gastos dos consumidores dos EUA aumentaram 0,2% em agosto, sugerindo que a economia manteve parte de seu sólido impulso no terceiro trimestre, enquanto as pressões inflacionárias continuaram a diminuir. Em julho, a alta foi de 0,5%.
O órgão ainda indicou que os gastos do consumidor continuam a ser sustentados por ganhos salariais sólidos, mesmo com a desaceleração considerável do mercado de trabalho.
Segundo o economista da XP Investimentos, Francisco Nobre, os números continuaram a apontar para a continuação do processo de desinflação na maior economia do mundo.
“Os números divulgados de atividade apontam para uma economia que segue um processo de desaceleração e não de deterioração”, afirmou o economista, reforçando que os dados não são consistentes com uma recessão no país.
“Essas leituras mais benignas corroboram com a visão de um processo de desinflação e mostram, ao longo do tempo, uma melhora importante, que deve aumentar a confiança do Banco Central para continuar cortando juros, depois do começo da flexibilização monetária visto em setembro”, completou Novre.
Na semana passada, o Fed cortou sua taxa de juros de referência em 0,50 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,75% a 5,00%. Essa foi a primeira redução nos custos de empréstimos desde 2020.