A moeda norte-americana fechou com leve queda de 0,02%, cotada a R$ 5,5866. Já o principal índice de ações da bolsa encerrou em alta de 0,30%, aos 130.353 pontos. Cédulas de dólar
John Guccione/Pexels
O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (10) em leve queda, conforme investidores repercutiam dados divergentes da economia dos Estados Unidos, divulgados hoje.
Enquanto o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano registrou uma alta acima do esperado em setembro, os pedidos de auxílio-desemprego mostraram alta na semana passada, indicando um possível arrefecimento do mercado de trabalho do país.
Esses dados são acompanhados pelo mercado porque costumam ser usados como referência pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na condução da política monetária norte-americana. No mês passado, a instituição deu início ao ciclo de cortes de juros no país.
Já no Brasil, o foco dos mercados esteve com os novos dados de venda no varejo. O setor teve uma retração nas vendas em agosto, devolvendo parte dos ganhos do mês anterior.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, encerrou em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Ao final da sessão, o dólar recuou 0,02%, cotado a R$ 5,5866. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,40% na semana;
avanço de 2,56% no mês;
ganho de 15,13% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 1%, a R$ 5,5875.
O
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em alta de 0,30%, aos 130.353 pontos.
No dia anterior, o índice caiu 1,85%, aos 129.962 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,21% na semana;
perdas de 0,23% no mês;
recuo de 1,99% no ano.
O que está mexendo com os mercados
Esta quinta-feira foi marcada pela divulgação de indicadores de preços e emprego nos Estados Unidos. O destaque ficou com o CPI, índice de inflação norte-americano.
Segundo dados do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, os preços ao consumidor subiram 0,2% no mês passado, acima do esperado pelo mercado. Nos 12 meses encerrados em setembro, por sua vez, a alta foi de 2,4% —a menor leitura desde fevereiro de 2021.
Os dados de emprego, por outro lado, indicaram um arrefecimento no mercado de trabalho norte-americano. Ainda segundo o órgão, foram registrados 258 mil pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, uma alta de 33 mil solicitações.
Os dados, considerados divergentes quanto aos sinais sobre os próximos passos da política monetária norte-americana, trouxeram volatilidade aos mercados nesta quinta-feira.
Ainda assim, o viés de queda prevalece. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado prevê uma chance de 84,3% de que o Fed reduza as taxas básicas norte-americanas em 0,25 ponto percentual na reunião de novembro.
Nesse sentido, a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada na véspera, também continuou no radar.
O documento apontou que uma “maioria substancial” das autoridades do Fed apoiaram o início da flexibilização da política monetária norte-americana na reunião de setembro — ou seja, o corte dos juros.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a ata do Fed passa a impressão de que o corte de 0,50 ponto percentual foi uma consequência da possível demora da instituição em iniciar o ciclo de quedas.
No entanto, “a divergência sobre cortar 0,25 ou 0,50, que não era obvio no texto da decisão, mostra que o Fed não quer um ciclo agressivo de corte de juros. Além disso, os dados desde a última reunião caminharam em direção contrária à visão do comitê, reforçando que 0,5% não deve ser repetir à frente”, analisa Borsoi.
Cenário doméstico
No Brasil, as atenções ficaram voltadas para os novos dados do comércio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo apresentaram um leve recuo de 0,3% em agosto, melhor que a queda de 0,5% projetada. Em relação a agosto do ano passado, o varejo apresentou alta de 5,1%, contra os 3,6% esperados.
O comércio nacional, apesar da queda registrada em agosto, demonstra força em relação ao ano passado. No acumulado em 12 meses, o varejo cresceu 4,0%, enquanto no acumulado de 2024, a alta foi de 5,1%.
Por fim, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na véspera, também seguiu no radar. O indicador subiu 0,44% em agosto, contra a deflação de 0,02% registrada em agosto.
Esse foi o primeiro IPCA depois da mudança da bandeira tarifária de energia elétrica, por conta da grave seca que atinge o Brasil, e a conta de luz foi o item que mais pesou sobre a inflação, com alta de 5,36%. Também, os preços dos alimentos voltaram a subir, reflexo da estiagem que atinge lavouras de frutas cítricas e pastagens de gado, principalmente.
Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, avalia que o grupo ‘Alimentação no domicílio’ será uma “dor de cabeça” para o IPCA do final do ano, “principalmente por conta do grupo de ‘Carnes’, que já sobre mais de 6,00% no atacado, e tem um peso relevante no índice geral (2,35%). Até por isso, subimos a nossa projeção para o IPCA no final do ano de 4,40% para 4,60%, com viés de alta”.
Mesmo que a alta tenha sido puxado por fatores fora do controle da política monetária, o mercado continua esperando novas altas da Selic, taxa básica de juros. Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) já elevou a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, um ponto importante para a análise sobre os juros é o crescimento robusto da economia, comprovado, também, pelos números fortes do comércio. “Embora esse crescimento seja positivo para a atividade doméstica, pode gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração”, afirmou.
“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50, o BC deve continuar o ciclo de ajuste da taxa de juros”, disse Sung.