No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,13%, cotada em R$ 6,0685, em um novo recorde nominal. Já o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira encerrou em queda de 0,34%, aos 125.236 pontos. Dólar
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O dólar opera com volatilidade nesta terça-feira (3), oscilando entre altas e baixas, com investidores reagindo à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2024, que cresceu 0,9% em relação ao trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro e mostrou uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia em relação ao segundo trimestre deste ano, quando o crescimento foi de 1,4%. Em 12 meses, o PIB acumula alta de 4,0%, enquanto em 2024, até setembro, o avanço é de 3,3%.
Apesar da desaceleração do PIB, os dados mostram que o setor de serviços, o comércio e o consumo das famílias continuam com um desempenho forte, o que pode continuar pressionando a inflação.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 10h15, o dólar caía 0,18%, cotado a R$ 6,0577. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda subiu 1,13%, cotada a R$ 6,0685.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,13% na semana;
ganho de 1,13% no mês;
alta de 25,06% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,86%, aos 126.310 pontos.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,34%, aos 125.236 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,34% na semana;
perdas de 0,34% no mês;
recuo de 6,67% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
O destaque desta terça-feira é o PIB brasileiro, que cresceu por mais um trimestre, apesar da desaceleração.
Neste 3º trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas importantes e compensaram a queda de 0,9% da Agropecuária.
Pelo lado da demanda, todos os itens cresceram. O Consumo das famílias cresceu 1,5%, e o Consumo do governo subiram 0,8%, enquanto os Investimentos tiveram ganho de 2,1% neste trimestre.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os dados “são positivos e indicam revisões para cima nas projeções de crescimento, que ainda não refletiam um avanço de 3% ou mais”.
Esse cenário, no entanto, deve contribuir para uma maior pressão da inflação no país e, consequentemente, juros também em patamares mais restritivos.
“Com a revisão do crescimento do PIB de 2023 de 2,9% para 3,2%, o Brasil demonstra um avanço acima de sua média estrutural, o que pode levar o Banco Central a manter condições monetárias mais restritivas no curto prazo”, afirma Cruz.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, compartilha do mesmo ponto de vista e explica: “embora positivo, para mantermos esse ritmo de crescimento de maneira sustentável é necessário que o país tenha ganhos de produtividade, o que não estamos vendo por ora. Esse cenário leva a um aquecimento da economia para além da sua capacidade (hiato positivo) e torna o controle de preços mais desafiador”.
Cenário fiscal segue no radar
O governo enviou na noite desta segunda o pacote de cortes de gastos ao Congresso, mas o quadro fiscal do país continua na mira dos investidores. A expectativa é que as medidas passem pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal ainda neste ano, visando o equilíbrio das contas públicas.
As medidas preveem um corte de R$ 70 bilhões em gastos públicos em 2025 e 2026, chegando a uma contenção de gastos de R$ 327 bilhões até 2030.
Para isso, o pacote traz uma série de mudanças, como por exemplo no salário-mínimo, em programas sociais, na aposentadoria de militares e em emendas parlamentares. O pacote era amplamente esperado pelo mercado, e o total de R$ 70 bilhões em cortes era visto com bons olhos.
No entanto, o anúncio, junto ao pacote de cortes, de uma proposta para isentar pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil da cobrança do Imposto de Renda pegou mal e gerou dúvidas sobre a eficácia das medidas de contenção de gastos.
Na última sexta-feira, durante um evento promovido pelo Banco XP, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote fiscal não é o “gran finale” do esforço do governo para o ajuste das contas públicas, destacando que se houver algum desconforto no cálculo do impacto das medidas, a equipe econômica não hesitará em voltar para a mesa de discussão.
“Todo mundo tem que dar sua cota de contribuição para voltarmos ao equilíbrio e ao superávit primário. Não é tarefa só do Executivo”, afirmou o ministro. “Temos que convencer o Congresso que as bondades têm que ser compensadas do ponto de vista da despesa”, acrescentou.
Também na sexta-feira, declarações dos presidentes da Câmara, Artur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, ajudaram a atenuar o nervosismo entre os investidores. Ambos deixaram claro que a prioridade no Congresso será votar as propostas para cortar gastos e que as discussões sobre mudanças no IR ficarão para depois.
Com o fiscal em foco, novas falas do diretor de política monetária e presidente indicado do Banco Central para 2025, Gabriel Galípolo, também ficaram no radar.
Nesta segunda-feira, Galípolo afirmou que o cenário econômico atual aponta para uma política monetária “mais contracionista” por parte da instituição, sinalizando “juros mais altos por mais tempo” no Brasil.
O mercado já espera uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontecerá na próxima semana.
Além disso, Galípolo também disse que o regime de câmbio flutuante — quando o BC não interfere no mercado para determinar a taxa de câmbio — é um dos pilares da matriz econômica do país e reiterou que a instituição só atuará no câmbio em caso de disfuncionalidade.
“Efetivamente, a gente vai continuar fazendo atuações só por questões de disfuncionalidades, como essa de você ter uma sazonalidade de final de ano de dividendos que vão para fora e coisas desse tipo”, afirmou durante evento do banco XP.
A fala de Galípolo sobre a atuação do BC no mercado de câmbio ocorre em meio à crescente desvalorização da moeda brasileira em sessões recentes, movimento que gerou expectativa por novas intervenções da autarquia em parte do mercado.