No dia anterior, a moeda norte-americana ficou praticamente estável, com uma alta de 0,01%, cotada a R$ 5,7698. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou em queda de 0,14%, aos 127.698 pontos. Dólar
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O dólar inverteu o sinal e passou a operar em alta nesta quarta-feira (13), em um dia de agenda econômica mais esvaziada no Brasil, mas com o cenário fiscal ainda no centro das atenções dos investidores.
O mercado aguarda o anúncio do pacote de cortes de gastos públicos pelo governo federal — espera que vem desde o fim do segundo turno das eleições municipais. Esses cortes são bastante esperados porque trazem para os investidores uma visão de que o governo será capaz de cumprir o arcabouço fiscal (regra que limita o endividamento público do país).
A lógica do mercado é que, quanto maior a dívida de um país, maiores são alguns riscos importantes, principalmente o risco de calote em momentos de crise.
Assim, sem perspectiva de como as contas serão equilibradas para reduzir o endividamento do Brasil, investidores demandam rentabilidades maiores para investir no país, ou apenas migram seu capital para outros mercados considerados mais seguros, o que desvaloriza o real.
Por esse movimento de forte valorização do dólar em detrimento do real nas últimas semanas, hoje o Banco Central do Brasil (BC) realizaria um leilão de compra e venda de dólares, para conter o avanço da taxa de câmbio, entre 10h30 e 10h35. Porém, o leilão foi adiado pro problemas operacionais.
Segundo o BC, assim que estes problemas estiverem solucionados, será publicado um novo comunicado de leilão. Ainda assim o dólar passou a subir após o adiamento.
Além disso, nos Estados Unidos, o mercado repercute os novos dados de inflação, que vieram em linha com o esperado. o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), teve alta de 0,2% em outubro, mantendo a mesma magnitude de avanço do mês anterior.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em baixa.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 12h37, o dólar subia 0,56%, cotado a R$ 5,8019. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,8104. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda subiu 0,01%, cotada a R$ 5,7698.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,57% na semana;
recuo de 0,20% no mês;
ganho de 18,90% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,53%, aos 127.016 pontos.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,14%, aos 127.698 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,03% na semana;
perdas de 1,42% no mês;
recuo de 4,70% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O comportamento do dólar nas últimas semanas tem como uma de suas principais causas a situação fiscal no Brasil, com o mercado à espera do anúncio do pacote de cortes nos gastos.
Durante a última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tiveram uma série de reuniões com diversos ministérios nos últimos dias para tentar fechar um pacote de medidas de cortes de gastos e garantir as metas fiscais dos próximos anos.
Até o momento, representantes de pelo menos 12 ministérios já se reuniram com Lula e a estimativa é cinco devem ser atingidos pelo pacote:
Saúde;
Educação;
Trabalho e Empresa;
Desenvolvimento Social;
Previdência Social.
O novo capítulo da história, agora, é uma reunião entre Haddad e o ministro da Defesa, José Múcio, para tratar de cortes de gastos na pasta, que acontece nesta quarta. Mais tarde, está previsto um encontro de Múcio com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o mesmo tema.
A Defesa está na mira da equipe econômica, que tenta fechar um pacote de corte de gastos para assegurar o cumprimento das metas fiscais dos próximos anos e alcançar credibilidade do mercado.
A demora no anúncio das medidas, no entanto, continua a preocupar o mercado financeiro. Especialistas explicam que, quanto mais tempo o governo demorar para anunciar o plano de corte de gastos, mais o mercado fica desconfiado e busca formas de proteger seus investimentos, o que tende a valorizar o dólar em detrimento do real.
“Quanto mais tempo passa, mais o mercado vai se protegendo”, diz Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.
Ainda no cenário doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o setor de serviços cresceu 1,0% em setembro, renovando o nível mais alto da série histórica. Em 12 meses, acumula alta de 4,0%.
“Os dados confirmam a resiliência do setor, que, mesmo diante da desaceleração esperada para o ano de 2024 frente ao resultado absolutamente positivo de 2023, mantém sua pujança pulverizada nos mais diversos segmentos. Prova disso é que, das 5 grandes categorias que compõe o indicador, apenas transportes recua em 2024”, diz Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
No entanto, apesar de o bom desempenho ser um importante impulsionador para o Produto interno Bruto (PIB) do país, os fortes números do setor de serviços podem pesar sobre a inflação — já que a demanda aquecida pode elevar os preços.
“Este mesmo movimento é encarado com parcimônia e extrema cautela, uma vez que os transbordamentos deste maior dinamismo dos serviços para a esfera dos preços poderia colocar em risco a trajetória da política monetária e até mesmo ser um catalisador dos vetores que levaram o BC a endurecer a condução da política monetária”, explica Argenta.