A moeda norte-americana teve alta de 0,31%, cotada a R$ 5,7813. Já o principal índice de ações da bolsa de valores operava em queda nos últimos minutos do pregão. Dólar
Foto de Karolina Kaboompics
O dólar encerrou em alta nesta quinta-feira (31) e fechou o mês de outubro com uma valorização de mais de 6%, conforme investidores continuavam a repercutir dados econômicos e seguiam na expectativa pelo novo pacote de cortes de despesas do governo.
Sem grandes avanços no noticiário envolvendo o risco fiscal, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar na véspera que não ainda não definiu uma data para o anúncio das medidas de controle de gastos, as atenções dos investidores ficaram voltadas para uma série de indicadores nacionais e internacionais.
Por aqui, o destaque ficou com os novos números de emprego, com a desocupação registrando a segunda menor taxa da série histórica. O dado reforça a percepção de um mercado de trabalho aquecido e renova as preocupações sobre o quadro inflacionário brasileiro.
Diante desse cenário, o mercado também segue na expectativa pela próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), prevista para a próxima semana.
No exterior, novos dados de inflação dos Estados Unidos ficaram sob os holofotes, bem como o quadro da corrida presidencial norte-americana, conforme as eleições se aproximam cada vez mais.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, operava em queda nos últimos minutos do pregão.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 0,31%, cotado a R$ 5,7813 e renovou o maior patamar em mais de três anos. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,34%na semana;
avanço de 6,14% no mês;
ganho de 19,14% no ano.
No dia anterior, a moeda avançou 0,04%, cotada a R$ 5,7634.
O
Ibovespa
Já o Ibovespa operava em queda nos últimos minutos do pregão.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,07%, aos 130.639 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,57% na semana;
perdas de 0,89% no mês;
recuo de 2,64% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Os bons números do mercado de trabalho, com uma forte redução da taxa de desemprego, voltaram a surpreender o mercado. “ Essa é uma taxa baixa para os padrões históricos brasileiros, confirmando a robustez do mercado de trabalho”, diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank .
Apesar disso, a economista explica que a queda do desemprego “desafia o controle da inflação de serviços”, o que pode gerar uma taxa de juros ainda maior para o Brasil.
“ Se por um lado isso significa que existem mais pessoas ocupadas, o que é bom para a atividade, por outro, torna mais desafiador o controle da inflação, já que há maior pressão sobre os preços dos serviços”, comenta Moreno.
Com isso, aumentam as expectativas pela próxima reunião do Copom, prevista para a semana que vem. A maior parte do mercado prevê um novo aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, com o Banco Central indicando que deve continuar a perseguir suas metas.
O cenário fiscal brasileiro também segue no radar. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que entende a “inquietação” do mercado sobre o risco fiscal, reiterando que a equipe econômica vai apresentar propostas de cortes de gastos obrigatórios para manter o arcabouço fiscal operante.
Haddad não antecipou quais serão as medidas, mas indicou que elas poderão ser apresentadas nas próximas semanas por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
“Até entendo a inquietação, mas é que tem gente especulando em torno de coisas. […]. O meu trabalho é tentar entregar a melhor redação possível para que haja a compreensão do Congresso da situação do mundo, e do Brasil”, declarou o ministro.
Haddad ainda destacou que houve uma “convergência importante” com a Casa Civil sobre quais medidas serão apresentadas. O ministro, no entanto, não definiu uma data para o anúncio dessas propostas.
“A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo que o arcabouço tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo”, disse.
Segundo o blog do Valdo Cruz, agentes financeiros disseram que, para ter credibilidade, esse pacote precisaria indicar cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos. A ideia é que o tamanho do ajuste fiscal fique em torno de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
No noticiário internacional, as atenções do mercado ficaram voltadas para os novos dados da inflação norte-americana. O PCE, índice de preços preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), subiu 0,2% em setembro, em linha com o esperado.
O dado, no entanto, representa uma aceleração em relação ao mês anterior (0,1%) e reforça a perspectiva de que o Fed deve reduzir a magnitude dos cortes de juros em sua próxima reunião de política monetária, também prevista para a semana que vem.
“Os contratos de juros apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião da semana que vem, mas já emerge uma divisão clara nas apostas para o movimento em dezembro, com um pouco mais de probabilidade para uma pausa nas reduções”, explica Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
A visão é reforçada, ainda, pelo resultado da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do terceiro trimestre. O indicador, divulgado na véspera, mostrou uma continuidade do crescimento da atividade econômica no país.
“Independentemente dos ajustes mais táticos, o cenário vem confirmando o pouso suave e afastando as preocupações mais alarmantes sobre o enfraquecimento da atividade”, destaca Igliori.
*Com informações da agência de notícias Reuters