Moeda norte-americana caiu 0,47%, cotada a R$ 5,4626. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, caiu 0,90% aos 133.748 pontos. Dólar
Karolina Grabowska
O dólar fechou em queda na principal “Superquarta” do ano. Esse é o nome dado à data em que coincidem as reuniões que definem as taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos.
No exterior, a grande expectativa do mercado era pelo início do corte de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que se confirmou nesta tarde.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) decidiu cortar 0,50 ponto percentual (p.p.) das taxas básicas do país, levando o intervalo para 4,75% a 5% ao ano.
Superquarta: entenda por que o BC do Brasil vai subir os juros, enquanto os EUA vão baixar
Até o início da semana, o mercado esperava uma redução menor, de 0,25 p.p. A surpresa fez o dólar cair com força logo depois do anúncio, para a casa dos R$ 5,41. Pouco depois, voltou a ganhar força para voltar ao patamar de R$ 5,46.
Já por aqui, o cenário de piora nas projeções sobre a inflação brasileira traz a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) deve voltar a subir a taxa básica de juros (Selic). A decisão sai depois do fechamento dos mercados.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
ENTENDA: Copom endurece discurso, e deixa a dúvida: a Selic pode subir?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Dólar
O dólar fechou em queda de 0,47%, cotado em R$ 5,4626. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,4126. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,88% na semana;
perda de 3,02% no mês;
avanço de 12,57% no ano.
Na véspera, a moeda recuou 0,39%, cotada em R$ 5,4883.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em queda de 0,90%, aos 133.748 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,84% na semana;
recuo de 1,66% no mês; e
queda de 0,33% no ano.
Na véspera, o índice recuou 0,12%, aos 134.960 pontos.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Como era de se esperar, o principal destaque desta quarta-feira (18) são as decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos, que devem acontecer ao longo do dia.
Às 15h, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou sua decisão de cortar os juros do país em 0,50 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Essa foi a primeira redução na taxa desde março de 2020.
A medida já era esperada pelo mercado, após sinalizações recentes de corte pelo presidente do Fed, Jerome Powell. A novidade é o tamanho do corte, que ainda não tinha consenso entre especialistas.
A decisão, inclusive, não foi unânime. Dos 12 integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), 11 votaram a favor do corte de 0,50 p.p., incluindo Powell. O único voto divergente foi pela redução de 0,25 ponto.
Em comunicado, o Fomc afirmou que a medida veio “à luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos”. Disse também que “continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica”, sem dar sinais claros sobre os próximos passos. Saiba mais aqui.
“A decisão de um corte mais agressivo pelo Fed parece derivar das projeções de taxa de desemprego, que foram elevadas, apesar da manutenção na projeção do crescimento do PIB. (…) O Fed não mudou sua visão de taxa terminal, mas pretende adotar um ritmo de corte de juros mais rápido”, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Pela manhã, mais de 60% das apostas indicavam um corte de 0,50 p.p. das taxas básicas dos EUA pela instituição, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group.
A previsão de redução dos juros na maior economia do mundo vem mesmo após o país divulgar dados fortes de atividade. Na véspera, por exemplo, as vendas no varejo dos EUA reportaram um aumento inesperado em agosto, enquanto a produção industrial do país subiu 0,9% no período.
Já por aqui, as recentes sinalizações de um crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB), de um mercado de trabalho aquecido e em meio às dúvidas sobre o quadro fiscal brasileiro têm cada vez mais intensificado a expectativa de que o Copom volte a subir a Selic.
Atualmente, a taxa básica está em 10,50% ao ano, um patamar já considerado alto, mas resultado de uma sequência de cortes.
Juros maiores tornam os processos de tomada de crédito mais caros para a população e as empresas, o que tende a diminuir o consumo, os investimentos em expansão e desaquecer o mercado de trabalho.
Esse cenário também já aparece no boletim Focus, relatório do BC que reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do Brasil.
A última edição do documento, divulgada na última segunda-feira, continuou apontando para um aumento da Selic, além de indicar uma elevação para na estimativa de inflação para este ano e para o próximo e um crescimento de 3% do PIB em 2024.