Principal índice acionário da bolsa de valores brasileira caminha para fechar no maior valor nominal da história. A moeda norte-americana opera em baixa de 1,5%. Painel na sede da B3, em São Paulo, Ibovespa, bolsa, Bovespa
Nacho Doce/Reuters
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, opera em alta nesta segunda-feira (19), e chega pela primeira vez aos 136 mil pontos. O índice bateu seu recorde intradiário aos 136.179 pontos.
A semana começa com os mercados globais de olho em eventos nos Estados Unidos, que podem trazer sinalizações sobre o futuro das taxas de juros no país.
Nos próximos dias, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) divulga ata de sua última reunião e o presidente da instituição Jerome Powell faz um discurso sobre a análise da instituição sobre a economia em um evento.
Enquanto investidores aguardam por esses novos sinais, o dólar vive um dia de desvalorização no mundo inteiro. No Brasil, o movimento de queda é acompanhado e a moeda americana chegou aos R$ 5,37.
Na agenda interna, repercutiu bem no mercado financeiro a fala de Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central do Brasil e nome mais cotado para a presidência da instituição, em que ele reforça o compromisso da diretoria em trazer a inflação brasileira para a meta. (veja mais abaixo)
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 15h10, o dólar caía 1,49%, cotado a R$ 5,3864. Na mínima, foi a R$ 5,3769. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira (19), a amoeda americana teve queda de 0,28%, cotada em R$ 5,4678.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,85% na semana;
recuo de 3,29% no mês;
alta de 12,68% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,50%, aos 135.960 pontos. Na máxima, chegou aos 136.179 pontos.
Na sexta, o índice fechou em baixa de 0,15%, aos 133.953 pontos, num movimento de realização dos lucros decorrentes da sequência de altas observadas na semana.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 2,54% na semana;
avanço de 4,92% no mês;
perdas de 0,19% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
Depois de uma semana de altas generalizadas nas bolsas de valores pelo mundo, com os mercados dos Estados Unidos registrando o melhor desempenho do ano, os investidores mostram mais cautela neste início de uma semana com eventos importantes.
Na quarta-feira, o Fed deve divulgar a ata de sua última reunião, em que manteve as taxas de juros americanas inalteradas entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas sinalizou que cortes podem começar no próximo encontro, marcado para setembro.
Investidores e especialistas esperam que a instituição promova um corte nos juros de pelo menos 0,25 ponto percentual em setembro, num momento em que a maior economia do mundo dá sinais mistos.
A inflação, principal dado observado pelo Fed para tomar suas decisões, continua acima da meta de 2% ao ano, mas mostra uma desaceleração, registrando 3,2% no acumulado em 12 meses até julho.
Apesar da inflação ainda acima da meta, os dados do mercado de trabalho americano começaram a vir mais fracos que o esperado pelo mercado, gerando temores de uma possível recessão econômica nos Estados Unidos.
Por isso, o mercado espera o início dos cortes nos juros. Taxas menores barateiam o crédito para empresas e população, o que favorece a economia e os mercados de ações.
Além da ata do Fed, na sexta-feira (23), o presidente da instituição, Jerome Powell , discursa no Simpósio de Jackson Hole — uma convenção nos Estados Unidos que reúne as principais autoridades políticas e econômicas do mundo para falar sobre a economia. O mercado espera que ele traga alguma sinalização sobre o futuro dos juros no país.
Em compasso de espera, as bolsas operam sem direção única e com volatilidade, oscilando entre leves altas e baixas, e o dólar recua frente as principais moedas.
No cenário doméstico, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou mais uma edição do Boletim Focus — relatório que reúne as projeções para os principais indicadores econômicos do país com base na opinião de economistas do mercado financeiro.
A expectativa para a inflação brasileira subiu pela quinta semana consecutiva, com o mercado estimando um IPCA de 4,22% até o fim do ano. A meta de inflação do BC é de 3% para 2024, podendo oscilar entre 1,50% e 4,50%.
As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de câmbio até o fim do ano também aumentaram. Para o PIB, economistas esperam um crescimento de 2,23%. Já a taxa de câmbio é estimada em R$ 5,31 até dezembro.
Outra novidade nesta edição do Focus é a perspectiva de uma Selic, taxa básica de juros, maior em 2025: o mercado estima que a taxa deve encerrar o próximo ano em 10% ao ano.
Ainda sobre juros, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, disse em evento, nesta segunda, que a instituição vai aguardar as próximas quatro semanas até o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro para obter “o máximo de dados” e “estar aberto” à decisão sobre a taxa básica Selic, reforçando que todas as opções estão na mesa.
O diretor afirmou que o cenário é ainda mais desconfortável para a condução da política monetária, com o mercado projetando juros mais elevados à frente, além de uma inflação acima da meta, o que “gera incômodo bastante significativo”.
“Essa combinação é mais desconfortável do que antes”, disse Galípolo.
Ele reforçou a ideia de que o BC está dependente de dados e que até sua próxima decisão de política monetária vai observar indicadores como IPCA, Caged e Pnad, além de números da economia norte-americana e falas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.
No evento, ele reafirmou que considera o balanço de riscos para a inflação à frente no país assimétrico, com mais riscos de alta, enfatizando que esse posicionamento não representa orientação futura para a condução dos juros.
Em relação a uma melhora recente em indicadores de mercado, ele avaliou que o movimento pode ser atribuído a uma percepção de que a economia norte-americana caminha para um “pouso suave”, o que favorece países emergentes, além de uma mudança no entendimento em relação à capacidade do BC brasileiro subir juros se necessário.
Nesse sentido, ele voltou a destacar que todos os diretores da autarquia estão dispostos a elevar a Selic “sempre que necessário” para levar a inflação à meta de 3%.
Vale lembrar que, atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano e o mercado acredita que uma nova alta pode vir pela frente, caso a inflação no país continue subindo.
Galípolo, que é tido como um forte candidato a suceder o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, também falou que jamais se sentiu pressionado a ter qualquer tipo de atitude dentro da instituição desde que foi indicado pelo governo.
“O presidente (Lula) tem tido uma atitude republicana”, comentou.
Segundo Galípolo, a sucessão de Campos Neto no Comando é um “não assunto” para diretores da autarquia e que a prerrogativa para a decisão é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
*Com informações da agência de notícias Reuters