Prédios do subúrbio da capital libanesa foram atingidos, e imprensa local diz que crianças morreram. Alvo era comandante de operações do Hezbollah. Ataques fazem parte de nova ofensiva após pagers e ‘walkie-talkies’ do grupo extremista explodirem no Líbano esta semana. Ataque israelense atinge área de subúrbio ao sul de Beirute, capital do Líbano, em 20 de setembro de 2024.
Reuters/Mohamed Azakir
O Exército de Israel bombardeou Beirute nesta sexta-feira (20), no maior ataque ao Líbano desde o início da guerra no Oriente Médio, segundo fontes do governo libanês. Mais cedo, o Hezbollah disparou 150 foguetes contra o norte de Israel, em resposta às explosões de pagers e “walkie-talkies” do grupo extremista.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, três pessoas morreram, e 17 ficaram feridas no ataque de Israel à capitla libanesa.
A imprensa local afirmou que há crianças entre as vítimas e que um dos chefes do Hezbollah na capital libanesa também foi atingido e morto. A rádio militar de Israel confirmou que o principal alvo da ofensiva era Ibrahim Aqil, comandante de operações do Hezbollah em Beirute.
A imprensa local também relatou que prédios residenciais e carros danificados (veja abaixo).
O ataque foi o maior ao Líbano desde o início da guerra com o Hamas, em outubro do ano passado, segundo disseram fontes do governo libanês disseram à agência de notícias Reuters.
Fumaça é vista sobre Beirute, capital do Líbano, após bombardeios de Israel à cidade, em 20 de setembro de 2024.
Mohamed Azakir/ Reuters
Já o Hezbollah disse ter lançado 150 foguetes no norte de Israel em sete ataques separados, número bem maior que a média de ataques do grupo extremista ao território israelense. O Hezbollah afirmou ter utilizado nos ataques os foguetes do tipo Katyusha, desenvolvidos na antiga União Soviética e que são capazes de driblar os sistemas de defesa de Israel.
Antes do ataque a Beirute, Israel disse ter bombardeado também alvos do Hezbollah no sul do Líbano.
Desde o início da guerra, o Exército israelense e o Hezbollah têm trocado ataques quase diários da fronteira de Israel com o Líbano. O grupo extremista apoia o Hamas, alvo de Israel na Faixa de Gaza. Ambos os grupos são financiados pelo Irã.
Os ataques de Israel no Líbano alvejam integrantes do Hezbollah, que não fazem parte do governo do Líbano. No entanto, Beirute condenou os bombardeios. O primeiro-ministro libanês disse que o episódio desta sexta mostrou que Isral “não se importa com nenhuma questão humanitária, moral ou legal”.
Israel e Hezbollah intensificam troca de artilharia
Nuvem de fumaça emerge de povoado de Kfar Kila, no sul do Líbano, após bombardeios de Israel à área, em 20 de setembro de 2024.
Karamallah Daher/ Reuters
O serviço de emergência israelense disse que não havia relato de vítimas até a última atualização desta reportagem.
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O grupo extremista culpa Israel pela série de explosões de pagers e “walkie-talkies” de membros do Hezbollah entre terça (17) e quarta-feira (18) matou 37 pessoas e deixou mais de três mil feridos no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Israel não se não se pronunciou, mas, um dia após as explosões, anunciou que estava transferindo o foco de suas ações militares para o norte do país, perto da fronteira com o sul do Líbano.
Baterias contaminadas
Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024
Reuters
Também nesta sexta, fontes do governo libanês afirmaram à agência de notícias Reuters que as baterias dos “walkie-talkies” do grupo extremista Hezbollah que explodiram na quarta-feira (18) estavam contaminadas com PETN, um composto altamente explosivo, afirmaram nesta sexta-feira (20) .
Membros do governo próximos à investigações do caso disseram à Reuters que a maneira como o PETN foi integrado às baterias, muito sofisticada, fez com que os explosivos não fossem detectados ao entrar no Líbano.
Os equipamentos foram encomendados pelo próprio Hezbollah, que os usava como alternativa ao celular para evitar rastreamento por GPS por parte de Israel.
Na quinta-feira (19), o governo do Líbano afirmou, com base nas investigações sobre o caso, que os explosivos que estavam nos pagers e “walkie-talkies” de membros do grupo extremista Hezbollah foram implantados nos aparelhos antes de os dispositivos entrarem no Líbano.
As informações compõem uma investigação preliminar do Líbano sobre as explosões e foi comunicada à Organização das Nações Unidas (ONU) pela missão libanesa na ONU em carta à qual a agência Reuters teve acesso nesta quinta-feira (19).
O Conselho de Segurança do órgão bilateral se reunirá nesta sexta para discutir o caso.
Na investigação, as autoridades libanesas também determinaram que os pagers e walkie-talkies foram detonados por meio do envio de mensagens eletrônicas para os aparelhos, segundo a carta. A missão do Líbano na ONU também acusou Israel pelo planejamento e execução dos ataques.
“A investigação preliminar mostra que os dispositivos afetados foram manipulados de forma profissional (…) antes de chegarem ao Líbano e sua explosão foi provocada pelo envio de mensagens aos aparelhos”, diz a carta da missão do Líbano na ONU.
Sem GPS, os aparelhos ‘offline’ eram utilizados pelo grupo extremista para fugir do rastreamento israelense. Hezbollah e Israel trocam agressões desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
A investigação do Líbano vai ao encontro de uma informação revelada pelo jornal americano “The New York Times”, de que Israel teria vendido os dispositivos ao Hezbollah por meio de uma empresa de fachada, em um plano de longo prazo executado pelas agências de operações secretas israelenses Mossad e Unidade 8200.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta (18) que o grupo extremista tinha mais de 4.000 dispositivos do tipo — pequenos aparelhos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990 —, mas que nenhum deles pertencia ao alto escalão.
Líbano, Irã e o Hezbollah acusaram Israel pelas explosões, mas o país que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
O Hezbollah disse nesta quinta (19) que as explosões configuraram uma declaração de guerra por parte de Israel e prometeu vingança. Após as explosões, Israel disse que está movendo tropas para o norte do país e que uma “nova fase da guerra” com foco no grupo libanês está começando.
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VÍDEOS E FOTOS mostram caos após explosões de walkie-talkies no Líbano
Ofensiva de Israel
Imagens mostram a aparente detonação de um ‘walkie-talkie’ durante um funeral no subúrbio de Beirute, no Líbano, em 18 de setembro de 2024.
Na quarta-feira, após as explosões, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua) e que vai concentrar tropas na região.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento que vai garantir que moradores do norte de Israel realocados por conta dos conflitos com o Hezbollah, voltariam para casa.
“Eu já disse isso antes, nós retornaremos os cidadãos do norte para suas casas em segurança e é exatamente isso que faremos”, disse Netanyahu.
As duas explosões, que ocorreram em um intervalo de 24 horas, aumentaram as tensões na região e repercutiu na Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de “objetos civis” como arma de guerra, e o governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança, que será realizada na sexta-feira (20).
Líbano, Irã e Hezbollah acusaram Israel, que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Aliado do Hezbollah, o Irã disse em carta enviada à ONU que Israel violou a soberania do Líbano e prometeu resposta às explosões.
O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.
Facha de prédio em Beirute pega fogo após explosões de walkie-talkies, em 18 de setembro de 2024.
Telegram/Reprodução
Momento de explosão de dispositivo no Líbano
Reprodução
Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução
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